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segunda-feira, 2 de maio de 2016

eu queria saber se o mar sabe de si próprio.
se eu fosse o mar, escreveria, com pequenas ondas, poesias sobre os seres que vivem em mim. descreveria a sensação de envolver as pessoas, roubar a temperatura de seus corpos. saberia que sou grande e assustador e devoraria embarcações lotadas, mas por amor.
rugiria como a ferocidade pura e líquida que sou. rugiria a noite inteira. me atiraria contra as pedras com uma violência doce. e seria o útero das sereias. seria o chão das gaivotas.
talvez não soubesse, mas sentiria que inspiro e acalmo.
eu saberia, se fosse o mar, que as lágrimas das pessoas são pequenas células de mim.

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