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sexta-feira, 9 de junho de 2017

as vezes confundo meu corpo com o mundo
não sei se meus braços são quilométricos 
se tenho pernas que andam ou pernas que são todas as partes.
confundo meu tempo, viro o que sempre existiu 
viro o que nem existe ainda - esqueço que um dia eu não era nascida.
minha língua fica doce como se nunca tivesse tocado água do mar
e minha boca inteira vira céu
e tropeço nas pausas, nos tempos marcados do relógio, em memórias alheias 
vejo tudo ao mesmo tempo
sinto o vento sem que esteja ventando e ouço os ruídos dos animais que estão a um continente inteiro de distância 
ouço-os rastejando na grama, correndo, se alimentando, parindo 
lembro do sangue (nunca esqueço o sangue, no fundo de tudo o farejo e o quero) 
os contornos do meu corpo se diluem, me espalho, existo
entendo
deixo que alguma coisa em mim gargalhe