segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
parte de coisa nenhuma
nunca fui tinta num quadro seu (e sou apenas apenas apenas minha.)
te escrevi uma carta e guardei numa gaveta que tem nome (Cartas Que Serão Sempre Nunca Enviadas.)
me desculpe pelo mal de usar essas palavras tão definitivas (nunca, sempre)
e o mal de fazer ressalvas demais (((())))
e quando você reclamou da mãe e ela chorou (e eu chorei. e você não.)
eu te amo. eu não sei falar. desculpa. desculpa. não sei usar palavras porque elas são tantas. eu te amo. eu te amo. (eu estou chorando. e você não.)
eu sou inteira passado. sinto falta da minha primeira dezena de anos. (e tenho coisas presas nos canais dos olhos)
EU TE AMO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
EU TE ESCREVO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
EU CHORO MUITO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
EU NÃO SEI FALAR MAS ISSO NÃO ME DESAFOGARIA
EU MINTO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
E EU TE INVENTO
eu te invento pra arrumar um problema.
{eu sinto sua falta ou de uma outra pessoa que faça o que você fazia [me dizer que ainda posso fazer arte (porque ultimamente minha forma de expressão são ressalvas e lágrimas muito salgadas que não me desafogam - ou só me afogam salgado.)]}
(eu nunca eu sempre)
te escrevi uma carta e guardei numa gaveta que tem nome (Cartas Que Serão Sempre Nunca Enviadas.)
me desculpe pelo mal de usar essas palavras tão definitivas (nunca, sempre)
e o mal de fazer ressalvas demais (((())))
e quando você reclamou da mãe e ela chorou (e eu chorei. e você não.)
eu te amo. eu não sei falar. desculpa. desculpa. não sei usar palavras porque elas são tantas. eu te amo. eu te amo. (eu estou chorando. e você não.)
eu sou inteira passado. sinto falta da minha primeira dezena de anos. (e tenho coisas presas nos canais dos olhos)
EU TE AMO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
EU TE ESCREVO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
EU CHORO MUITO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
EU NÃO SEI FALAR MAS ISSO NÃO ME DESAFOGARIA
EU MINTO MAS ISSO NÃO ME DESAFOGA
E EU TE INVENTO
eu te invento pra arrumar um problema.
{eu sinto sua falta ou de uma outra pessoa que faça o que você fazia [me dizer que ainda posso fazer arte (porque ultimamente minha forma de expressão são ressalvas e lágrimas muito salgadas que não me desafogam - ou só me afogam salgado.)]}
(eu nunca eu sempre)
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
sábado, 17 de janeiro de 2015
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Ela chegava suja de rua e abria minha casa a noite, estrondosa, com a chave reserva que roubou fazendo graça. Entrava na minha cama e em mim, e atrapalhava meu sono com umas músicas desafinadas no ouvido.
E eu não a amava.
Tirava a roupa minha e dela. Perguntava se "você sente tesão por isso aqui", abrindo as pernas, fingindo não saber da resposta
e eu ria tentando não devorá-la com uma rapidez que o amor não tem.
Transávamos em todos os lugares da casa, tantas vezes quanto os bêbados e as putas podem aguentar. Depois a vida parecia suave nas costas nuas que ela me virava pra bolar um baseado. (já reparou na sensação incrível que é observar uma mulher bolar um baseado depois do sexo?)
A via, sobretudo como minha possibilidade de não-amor.
E eu não a amava.
Tirava a roupa minha e dela. Perguntava se "você sente tesão por isso aqui", abrindo as pernas, fingindo não saber da resposta
e eu ria tentando não devorá-la com uma rapidez que o amor não tem.
Transávamos em todos os lugares da casa, tantas vezes quanto os bêbados e as putas podem aguentar. Depois a vida parecia suave nas costas nuas que ela me virava pra bolar um baseado. (já reparou na sensação incrível que é observar uma mulher bolar um baseado depois do sexo?)
A via, sobretudo como minha possibilidade de não-amor.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Você é grave, grave. E olha como quem viveu essa e outras mil vidas. E fala como quem fala apenas para botar na frase as entrelinhas.
Você parece ser toda entrelinhas. Você não é mulher, é um rio manso. Claro na superfície, mas, de tão fundo, turva. E ninguém enxerga teu chão.
Quando Machado chamou os olhos de Capitu de ciganos, fez isso porque não te conhecia. Cigana.
Carta ao meu nunca gerado filho
Não vou te pedir desculpa. Um útero vazio do seu corpo em formação não poderia te doer, porque você não-é.
(você não-é e eu te conheço bem.)
Não que eu fosse uma mãe ruim; seria crua. Seria mãe como é a maré, que, por amor, toda noite se faz cheia e mata milhares dos seus filhos, deixando-os ao longo da areia da orla, lindos, mortos. Pra que não atrapalhem a marcha desapressada da vida (nem mãe nem filhos.)
Não pense que nunca quis te existir. Ao contrário, quero ainda agora. E cumprir atenta cada etapa; te conceber, abrindo meu corpo pra que o mistério da existência se faça. Te gestar, sentir você aumentar e ocupar espaços que costumavam ser meus. Sentir você me movimentar de dentro pra fora com a força dos seus pés contra as paredes do meu ventre, sua casa. E ver meus fluidos te alimentarem; antes pelo cordão que nos unia, e então, pelos meus seios, quando você decidir sair do meu interior. E você faria isso me machucando muito, muito, quando nós dois seriamos sangue e tantos outros líquidos, amnióticos e não. Mas com qual facilidade te perdoaria - a vida não é doce.
Assim te veria; não como alguém que me ama, mas como alguém que me é. E por você sentiria um amor que é sem sutileza ou maciez.
Mas daí por diante já não saberia. Quando você começasse a me perguntar coisas, em lugar de sanar as dúvidas eu as compartilharia. E não te ensinaria nada porque te julgaria sábio. E te criaria sem criar, com uma inconstância que é minha.
Espero que entenda. (e sobretudo, que encontre ventre.)
Com amor. (sim, sim.)
(você não-é e eu te conheço bem.)
Não que eu fosse uma mãe ruim; seria crua. Seria mãe como é a maré, que, por amor, toda noite se faz cheia e mata milhares dos seus filhos, deixando-os ao longo da areia da orla, lindos, mortos. Pra que não atrapalhem a marcha desapressada da vida (nem mãe nem filhos.)
Não pense que nunca quis te existir. Ao contrário, quero ainda agora. E cumprir atenta cada etapa; te conceber, abrindo meu corpo pra que o mistério da existência se faça. Te gestar, sentir você aumentar e ocupar espaços que costumavam ser meus. Sentir você me movimentar de dentro pra fora com a força dos seus pés contra as paredes do meu ventre, sua casa. E ver meus fluidos te alimentarem; antes pelo cordão que nos unia, e então, pelos meus seios, quando você decidir sair do meu interior. E você faria isso me machucando muito, muito, quando nós dois seriamos sangue e tantos outros líquidos, amnióticos e não. Mas com qual facilidade te perdoaria - a vida não é doce.
Assim te veria; não como alguém que me ama, mas como alguém que me é. E por você sentiria um amor que é sem sutileza ou maciez.
Mas daí por diante já não saberia. Quando você começasse a me perguntar coisas, em lugar de sanar as dúvidas eu as compartilharia. E não te ensinaria nada porque te julgaria sábio. E te criaria sem criar, com uma inconstância que é minha.
Espero que entenda. (e sobretudo, que encontre ventre.)
Com amor. (sim, sim.)
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