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terça-feira, 31 de outubro de 2017

te vejo profunda e quieta, lago abismal antigo 
e nunca saberia dizer se é de água fria ou fervente 
te ouço cantar e é como se eu ouvisse a chuva - nunca-capturável gota que pousa e escorre, deixando um rastro molhado na pele 
que está ali, mas não está
tudo sobre você é líquido.
Pensei uma rua feita de pessoas que não atrapalhassem minha solitude 
sentada no meio fio sozinha sem que ninguém me abordasse
sorrisse pra mim
gritasse do carro
sem que ninguém sequer me olhasse muito.
Pensei ontem desenhando uma coisa besta, escrevendo poeminhas
de mágoa
que nós poderíamos ter sido algo
aí percebi que eu sou algo muito maior do que qualquer possibilidade frustrada 
porque existo.
Um dia me perguntei quando eu deixaria de ser planeta em magma puro, sem uma camada dura, planeta em carne viva
e vi
uma rocha
em mim. 
te via sempre 12:30h, horário fronteira 
parece errado desejar "bom dia", porque o sol vai alto
e sinto que desejar "boa tarde" é precipitar o tempo. 
e aí nunca soube o que desejar.
da mesa onde eu sentava via seu sorriso aparecendo fácil, e não entendia como alguém podia sorrir lá dentro, lugar fechado sem ver a rua ou o céu
hoje entendi o porquê 
na falta de sol, alguma coisa precisava iluminar o lugar.