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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Me fortifico

Saúdo a dor de pernas abertas
aguento a temperatura altíssima do sangue escorrendo pelas coxas e as contrações da terra se fazendo dentro de mim.
Absorvo-as e me fortifico. Permaneço em pé.
Em nome do meu sexo, aguento sem sofrer. Aguento meus seios doendo e pesando como se fossem um corpo estranho, parasita, sensíveis até ao toque do lençol. Aguento todo mês. 
Aguento homens falando que sou o sexo frágil. E se fosse pra gerar, aguentaria. E se fosse pra parir, aguentaria.
Faço, sem reclamar, o trabalho que meu corpo pede. Me encho e me esvazio. Acompanho a translação da terra, acompanho a rotação da Lua. 
Planto minha força e me reconecto. E quando tudo acaba, me sinto solo bom, como quando o volume do rio diminui e suas margens ficam férteis.
E então as dores voltam e eu aguento. Levanto da cama, me divirto, dou risada. Não pra fingir que ela não existe, mas pra sentir que ela sou eu.