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quarta-feira, 29 de março de 2017

12/03/2017

hoje você me perguntou como vão ser as coisas
nossas
e eu quis escrever um bilhete pra responder que vão ser assim, da minha parte, com escrita de bilhetes
com carinho na nuca enquanto você dirige
com besteiras adolescentes e talvez algumas vontades reprimidas
com dúvidas porque respeitarei o tempo das coisas, e o tempo das coisas nem sempre é claro
mas com delicadeza e beijos no meio do dia.

terça-feira, 28 de março de 2017

carta ao fascínio por uma estranha

as vezes acontece de pessoas me causarem arrepios com a voz. um tipo que começa no topo da cabeça e corre vértebras abaixo.
não entendo direito o gatilho ou o motivo e nem sei o que essas pessoas tem em comum.
mas ouvir sua voz gravada falando profundezas me fizeram enxurradas de arrepios.
sua voz, que eu nem lembrava como era, mal tinha ouvido antes, o estalo pequeno dos seus dentes entre as palavras, a boca em formato de outro país.
eu aqui e a vida desliza em ritmos curiosos. você lá longe, num lugar que não sei qual é.
e eu não te amo com um amor humano porque não te conheço e não te compreendo, mas te desejo bem.
te desejo força para lidar com a saudade do mar.
queria dizer que quando eu te via pelas ruas do país, achava seu cabelo bonito e achava que você era um bruxa. ainda acho.
força e bem.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Tira o casaco, te pedi achando que você obedeceria ao menos isso, ao menos o pedido óbvio de tirar o casaco molhado num dia frio, mas você não acata pedidos nem que sejam de amor. 
Desconfiei que você queria ficar molhada por estar com saudade do mar (o mar está longe e o nosso chão é duro).
Fica?
Você tirou do bolso um dos seus raros sins, e eu não soube o que fazer com a sua presença. Te ofereci todo tipo de coisas, comida, chá, quer que eu acenda um incenso, quer uma toalha, quer tirar o sutiã.
Não te contei, mas essa semana vi um comentário seu no facebook e senti ciúmes, era você falando alguma gracinha sobre casar com alguém.
Desculpa por sentir ciúmes. Eu prometo que vou ser desapegada e tranquila, daqui por diante. Prometo que vou achar graça nos flertes que você dá por aí. Prometo não querer saber sobre as outras pessoas com quem você fica.
Mas posso te pedir pra não casar ainda?
Posso te pedir pra hoje, só hoje, você casar comigo? Finge que nessa noite fria, de roupa molhada, de incenso aceso, nós casamos e precisamos estar em lua de mel agora, aqui na sala. Tira seu casaco, seu sutiã. Tira tudo que você quiser tirar. Não vou te deixar sentir frio. Te falo umas putarias, te mordo a boca fina, posso lamber cada canto da sua pele. 
E você negou porque não acata pedidos, nem que sejam de amor.

quinta-feira, 16 de março de 2017

um dia de lua em escorpião é fundo como um lago antigo.
a cabeça enche de água,
as poucas palavras que chegam na boca são náufragas e sinto vontade de me comunicar com beijos. 
as vezes faço isso. 
se eu tiver o que chorar, choro, pra deixar a água correr.
vejo o prateado de um peixe na superfície de mim. ele mergulha e me pergunto quanto espaço tenho em profundidade. 
(não quero resposta nenhuma). 

segunda-feira, 13 de março de 2017

Essa semana quase morremos. Um caminhão furou o sinal vermelho e foi por tão pouco.
Tremi até a tarde.
Não me sinto capaz de morrer mas não sei o porquê.
Ou porque medo instintivo da morte ou porque a vida é boa.