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quarta-feira, 24 de abril de 2019

viver como se voasse de asa deltas sobre a praia sabendo exatamente como não contradizer o vento
e por estar vendo de cima nunca pousar onde não é areia ensolarada 
tem a lua cheia em libra e mercúrio que entrou em áries,
na minha playlist só ouço voz de mulheres, graves agudas elétricas
ao meu redor orbita um espaço inteiro e também o tempo.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

olhos arregalados no escuro e o coração batendo
amanhã terei olheiras e caminharei por aí sem escondê-las, como se meu rosto fosse uma galeria de arte
exibindo olhos fissuras imensas emolduradas.
corpo vazio
futuro não-linear infinito também infinitamente bifurcado e
o passado
o passado
se arrasta atrás de mim como um vestido longo.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

o maior rio do mundo tem rapidez de eletricidade, 
pedras lisas, laranjadas, redondas
e pedaços de água que pulam por cima, como pularia um cavalo que nunca ouviu a voz de uma pessoa.
ele é invisível e existe sempre
ás vezes bem fino ás vezes concreto
suas beiradas são cheias de pessoas que estão à um passo de pular;
descobririam lá dentro moedas, animais com tentáculos, ônibus biarticulados, gritos de recém nascidos, alívio
tudo nunca-parado 
tudo chegando ou indo
tudo agora.

segunda-feira, 25 de março de 2019

o fluxo de uma osmose me pede para pensar lá fora 
minha cabeça flutua para fora da janela 
aqui dentro um óculos escuro, papel, uma planta
lá fora um milhão de plantas, baratas, sacola plástica voando 
minha gata esticada 
uma faixa de vende-se

segunda-feira, 11 de março de 2019

cabe uma pessoa na minha boca
e várias no meu corpo além de mim mesma
carrego pedaços que são pra sempre indigestos 
dependurados, anulando meu corpo de carne 
fazendo nascer meio a força uma outra criatura que se entende inteira mesmo que abjeta 
de diferentes matérias como o lixo e os bichos do oceano
diferentes texturas
diferentes pontos de fusão 
um desmonte pelas mãos qualificadas do mundo
precisas como mãos de um cirurgião sem dedos

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

decorar paredes engolir cacos inteiros esperando que se dissolvam em algum lugar de mim lavar muito as mãos desperdiçar horas encarar o ralo afogar a fome lembrar do que deveria ser o futuro 
abro a boca é medo encrustado nos dentes brilhando, faíscas púrpura nos dentes sorrindo, indomáveis dentes ossos tórax
pentear os cabelos pensar pensar