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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

como eu ando, pra quem pergunta
ando pesquisando rotas de bicicleta no google maps
ando tirando fotos nua pra me ver melhor, e as vezes enviando-as a alguém
ando chapada por ruas de paralelepípedo encontrando guarda-chuvas verdes e sendo fotografada por pessoas queridas
ando olhando pro céu
ando cortando um pouco o cabelo
ando usando rímel azul
ando fritando coxinhas
ando mudando de ideia, me questionando sobre coisas bem d'aqui dentro. enganando pessoas de que minha vida não anda um completo tédio. ando acordando tarde. ando fazendo longas faxinas.
ando cansada.
"estou exausta. mas forte. muito forte."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

antes do primeiro quarto de lua, como manda a tua intuição.

(pra curar, não demoro e vou te embalar no mar. no sal que tira toda a maquiagem e poeira dos dias)

vou jogar muita coisa fora. algumas coisas tentarão segurar-se, agarrar forte as paredes do meu crânio, resistir aos movimentos peristálticos. algumas delas vão mesmo implorar, numa tentativa quase bem sucedida de ficar fora do fluxo de expulsão. e eu talvez quase dê ouvidos, mas prosseguirei. não demonstrarei piedade (ainda que sinta alguma) nem pelo menor segundo que existe.
as ruas estarão alagadas com os meus restos, alagadas das coisas que joguei fora. pode ser que alguém, que estava passando, veja a quinquilharia e queira uma coisa ou duas e as pegue. o que sobrar, viajará e desaguará no lugar onde os restos desaguam.
no fim, eu e minha casa estaremos vazias e sangrando. com marcas de papel de parede arrancado. perceberei que joguei algumas coisas importantes fora, como pedaços da minha carne e até alguma lasca de um órgão vital, mas serei resiliente. estarei em carne viva e serei resiliente.
será tudo muito, muito dolorido, e para me curar, deitarei por cima e envolta na e em volta da e sob a manta morna que o mar é.