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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Não quero sair do óbvio: sinto sua falta. (e do quarto número 100 do hotel mais barato que encontramos)

Suas mãos eram quentes, grandes e duras. E eu sinto falta delas.
Você que nunca começava as frases com "um dia eu estava..." porque tudo que saía de você era momento presente.
Você que tinha cheiro da rua. Cheiro das suas andanças por aí.
As palavras rolavam da sua língua com facilidade e caíam, macias, no espaço. Sua boca musicada. Sua presença imponente e devoradora. Sua brutalidade morena. Sinto sua falta, moreno, sinto sua falta, com toxicidade sinto sua falta, patologicamente sinto tudo...
Eu quis achar que os insetos criavam asas no calor para passear nas noites quentes de verão. Quis achar que mariposas gostam de se vestir de lua, por isso ficam a noite toda imóveis. Pensei que as formigas usavam pontos nos ouvidos, para que se comuniquem em suas missões além-formigueiro. Que as árvores tremelicam com o vento porque ele canta, e elas dançam.
Mas a natureza não é bonita. A natureza é.
A natureza é, e a frase acaba assim.
Enquanto eu projetar meu amor, ele não existe. Enquanto eu projetar, meu amor...