O mar está grave. (Não como "ouvi um som grave", mas como "ontem aconteceu uma coisa grave.")
Escuto-o da minha cama numa madrugada insone. O mar grita. Os pensamentos pesam uma tonelada. O mar grita. Minha mandíbula dói e o mar, pelo menos, grita.
Hoje o mar não absorveu nenhum tristeza minha. Talvez porque tenha as suas próprias; a de ser horizonte.
O mar existe. Lá, antes do dia clarear. Sem sol ele ainda existe.
Mar sofre de amor pela Lua. Faz maré por ela.
Sozinho, grave, escuro, salgado. Gritando a noite.
Ando achando que o mar só existe mesmo a noite.
(Sei seu segredo, mar. Descobri essa noite. Não vou contar, por amor. Não conto porque te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo.)