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domingo, 26 de abril de 2015

a boêmia burguesa

voltava, montada em sapatilhas delicadas, de um aniversário de um tio meio rico. não havia comido bem porque esse tipo de gente não come. usava um chapéu grande apesar da falta de sol que as noites geralmente tem. o pai a deixou de carro na frente da casa de uma amiga e partiu. assim que o carro virou a esquina, ela desceu a rua até um boteco cheio de gente triste, embriagada, ouvindo música alta pra não pensar. sem nenhuma empatia por aquele subordinado atrás do balcão, pediu a cerveja mais barata. e depois outra, e depois outra, e depois fumou maconha, e depois outra. deixou copos marcados de batom e sorriu para estranhos em troca de cigarros. seduziu por tédio alguns homens com quem ficou e alguma mulheres com quem não ficou.
o bar fechou e o dia quis amanhecer. ela vagou um pouco, ébria feito qualquer bêbado perdido, por ruas perigosas e que ela não sabia o nome.
chegou em casa meio sem querer e o pai fingiu que não sentiu o cheiro de quem não foi na casa de amiga nenhuma.