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sábado, 8 de abril de 2017

partes minhas e tuas (estou escrevendo isso na sua casa enquanto você viaja)

começou quando nos reconhecemos. ouvi sua voz, senti teu cheiro, rimos juntos e suas raízes começaram a se afundar em mim. começou (e continuou sempre) com você sendo meu amigo.
depois, o desejo monstruoso, a fome da pele alheia. as noites infinitas de vinho e cerveja compartilhados e poemas compartilhados e lençóis compartilhados. meus fluidos por todo seu corpo. tuas marcas de dentes e unhas pelo meu. nós muito bêbados e muito chapados.
veio, depois disso, tudo que vem quando o pedestal desce e a projeção acaba. a clareza do amor sincero. conversas sóbrias. você cuidando de mim, eu te seguindo pela vida dura, você sendo vulnerável um pouco, eu escrevendo muito. nós sentindo ciúmes.
lembro quando veio o ciúmes. o incomodo velado por não ser a unica, eu ficando brava quando você não trocava o lençol. você doendo daquele viajante cearense por quem eu me apaixonei antes, doendo daquela guria libriana por quem eu me apaixonei várias vezes.
mas sempre a compreensão vinha. ainda vem. com a auto análise e os diálogos sinceros. (eu te amo).
aí, um dia, você me deu uma escova de dentes só minha que ficaria na sua casa.
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criamos uma rotina que envolvia conversas desimportantes, netflix, cozinhar juntos, sexo bem feito, banho compartilhado, e eu quis que você fosse da minha vida sempre.
e quero. sem nada disso ou com tudo igual.
e então, aconteceu de você não ser mais o único, e distancias de virgulas se colocarem nos nossos dias. (e eu ainda te amo de amor bom).
ontem percebi que conheço todas as pintas das suas costas.