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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Os cabelos loiros e curtos se agitaram pelo rosto, dançando com o vento com gosto de morte, que só existe dentro de cemitérios.
Como podia se adaptar a essa efemeridade da vida? Como alguém podia se adaptar? Pensou.
Se nem ela, a menina pequena de sardas e pele bronzeada, a menina selvagem, distante, singular, nem ela conseguia, ela que representava todas as coisas inconstantes do mundo,
quem conseguiria então?
Como lidaria com o sentimento de "sentir saudades'?
Balançou o vestido branco que fez questão de usar naquele dia, justamente por ser um velório. Nunca entendeu a razão das roupas pretas. Passou a mão no rosto vermelho de lágrimas e no cabelo mal cortado que dançava.
Afastou quem pensou em vir falar com ela. E de novo ela se revoltou. Morrer?
Deixou uns pratos no criado-mudo, a luz do banheiro acesa e,
morreu? Essa ação inacabada de morrer, assim, pela metade? Quem sabe o que deixou de falar porque foi interrompido pelo indelicado gesto de morrer?
Enfim morreu. E deixou a moça loira sozinha, em toda sua selvageria indecifrável.
Distante.