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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Tenho medo do vazio então me preencho. De bobo completo espaços que nasceram tão perfeitamente sabiamente para serem apenas brancos.
A boca mente. A mente mente. Os dedos falam verdades. (menos quando escrevem, dai mentem mentem mentem.)
Minhas profundas sabedorias burras. Minhas tempestades não vem da cabeça, vem da barriga. E eu finjo não sentir, mas,
sinto muito!
e sinto falta. e finjo que não sinto fingindo saber dos 1+1 da vida.
mas passa um vento e: três!
quem sabe é vento, é grama, é inseto. inseto sabe muito.
eu influenciável, eu mole, eu cópia de vida. eu não-inseto. eu nada.
O modo feliz de lidar com a tristeza
e/ou
O modo triste de lidar com a felicidade

Olho (apenas) com carinho pr'aquele tempo que palavras eram tristeza. Agora aconteceu de palavras serem chuva no mar.
(Tão necessário que é chover no molhado.)
meu escrever é descrever meus sorrisos .

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

deixando rolar
(precipício abaixo)

olhos de claridade

acendi todas as velas da casa. encontrei uma lamparina. liguei 3 lanternas e saí estalando todos os interruptores.
encharquei até algumas tochas. liguei a tv.
acendi a luz de todos os banheiros.
"menina minha, era só abrir a janela."

dei pra sangrar colorido

no asfalto que planifica tudo e iguala todas as cores da vida
acho bom olhar como cada um acha um jeito de se manifestar
tanto conscientemente quanto não
e eu afeto e afetam-me
aconteço e sou acontecida 
pela poesia das ruas (poesia das ruas: coisas que as pessoas falam e sem querer quase que são bonitas, mas são reais)
olho bem dentro das bocas abertas que passam por mim buscando AR, PELO AMOR DE DEUS
AR
TE
e vou dormir suja.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Te amo indomesticada. Quando me chama urgente, e nas minhas manhãs, e nas minhas tardes, noites, vontades. E quando não me quer. E se me aperta, lambe, morde.
Te amo de olhar vazio sentada na sacada. Te amo curiosa, agitada. E de ouvidos bem atentos aos passarinhos por quem você cultiva um amor destrutivo.
E paciente. Olhos muito abertos, claros, grandes. Te amo bagunçada. E confusa depois de acordar. E sincera. Melindrosa. E aérea. E muito livre. E especialmente te amo quando não entende o que eu digo.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Tua pele é sufocante.
Não aguento tua saudade. Teu me-querer enche meus pulmões de água e meus olhos ardem.
Quando você pensa em mim, dói. Você é peso. Desculpa, mas tua presença são pedras, muito sólidas. Sinto-as esmagando meu corpo, pressionando meus ossos, interrompendo meu ar.
Não suporto essa expectativa que você atira em mim e acerta tão precisamente. Consigo enxergá-la de tão palpável, e nem quadras de distância fazem dela menos estrondosa.
Te sinto como petróleo, grudando nas minhas penas e me afogando no mar. Teus pensamentos escuros.
Desculpa, desculpa. Mas quero teu amor de fumaça longe de mim.
Que só eu me sufoque.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

não pararei

Lábios tão colados 
que arrrrraaaaannnnncaaammmmm de mim qualquer lirismo 
baratíssimo e de última ordem
que pessoas, outras, andam tomando como se fossem para si. quer dizer que alguém quer
mas não você.
não liga
não vê
não sei
lábios tão abruptos de colados de tão longe de tão sol. e eu, que me repito me repito me repito me repito me repito me

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O corte na sua garganta era profundo demais, e assustador o bastante. Mas eu achei que você sobreviveria por gratidão.
Suas asas estavam tortas e embebidas nesse teu sangue de pássaro. Mas eu achei que você lutaria. Que bicaria a vida implorando pra que ela ficasse no seu corpo, do mesmo modo que bicou meus dedos minutos antes. Meus dedos que sangravam.
Ritualizei tua morte com esse meu sangue de humano. Foi uma troca. E quando percebi que você morreria, quis te explicar que não faz mal morrer, que você faria mais alguns vôos cósmicos e depois desceria aqui pra terra de novo, com um corpo outro. Mas não pude te dizer nada porque você era pássaro, e eu era gente.
Não pude fazer mais que te assistir. Você fez um barulho com o corpinho contra o espaço, bicou o chão com força (tanta força que te/me machucou) e morreu. Ali as minhas vistas de mulher, passou. Vi seus olhos esfriarem e sua respiração parar. Nunca vi coisa tão parada quanto você, nem mesmo pedra. E nunca vi coisa tão fria, nem mesmo chuva. Te toquei pra ver se sentia a vida indo embora, pra ver se sua alma ainda estava ali. Só senti silêncio e matéria orgânica inerte.
Você permitiu que eu te visse morrer. Ninguém nunca esteve tão cru na minha frente.
Era passarinho.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Não quero sair do óbvio: sinto sua falta. (e do quarto número 100 do hotel mais barato que encontramos)

Suas mãos eram quentes, grandes e duras. E eu sinto falta delas.
Você que nunca começava as frases com "um dia eu estava..." porque tudo que saía de você era momento presente.
Você que tinha cheiro da rua. Cheiro das suas andanças por aí.
As palavras rolavam da sua língua com facilidade e caíam, macias, no espaço. Sua boca musicada. Sua presença imponente e devoradora. Sua brutalidade morena. Sinto sua falta, moreno, sinto sua falta, com toxicidade sinto sua falta, patologicamente sinto tudo...
Eu quis achar que os insetos criavam asas no calor para passear nas noites quentes de verão. Quis achar que mariposas gostam de se vestir de lua, por isso ficam a noite toda imóveis. Pensei que as formigas usavam pontos nos ouvidos, para que se comuniquem em suas missões além-formigueiro. Que as árvores tremelicam com o vento porque ele canta, e elas dançam.
Mas a natureza não é bonita. A natureza é.
A natureza é, e a frase acaba assim.
Enquanto eu projetar meu amor, ele não existe. Enquanto eu projetar, meu amor...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Depois de anos, anos, anos
longas, intermináveis décadas
uma ida e volta à era paleolítica
milhares e milhares de ciclos universais
pessoas mudadas que fomos
sonhei com você. (e gostei)

domingo, 30 de novembro de 2014

composição de imagens destruidoras;
cobrir de terra um canteiro de flores
colocar um passarinho numa gaiola perto da janela, para que saiba o quão livre ele não é
plantar girassóis em quartos escuros
cortar a língua com papel.

porque eu mesma, nesse instante, só ando prestando mesmo para destruir

[isso é um relatório] O assassinato do subjetivo será o seguinte

Sem menções à qualquer coisa pessoal demais. É permitido palavras rápidas sobre o tempo, algum objeto, alguma pergunta sobre onde fica o banheiro. Mais que isso corre o risco de não morrer.
Proibido abraços longos ou sinceros. Abraços breves de meio corpo na hora de dar tchau são permitidos, porém quase perigosos. Expressamente proibido contato visual significante.
Toques de mãos distraídas nunca matariam, como o esperado. Ao contrário. Deixariam viver.
É permitido quaisquer pensamentos de qualquer ordem. É proibido demonstrá-los.
Preferível que qualquer interação seja permeada de piadas, para que se mantenha a distância necessária.
Proibido ler-se.

sábado, 29 de novembro de 2014

Por todo tipo de fumaça que me acalma
meacalma
minha calma
mim acalma
a minha calma
a mim acalma
alma clama
calma, alma.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Hoje acordei e dentes-de-leão flutuavam lá fora. (pensamentos flutuantes abstratos impossíveis)
Abri a janela pra que algum entrasse, mas eles viajam tão rápido. 
Eu te amo, mundo. Você é redondo. Você é percorrível.
Pessoas são tanto quanto, em escalas exageradamente maiores. Pessoas são cosmos inteiros. Com suas nebulosas buracos negros mentes rodopiantes de galáxia.
Percorreria Maceió toda sem que nada ficasse para trás, mas nem em uma infinidade de anos te percorreria.
E nem quero.

domingo, 23 de novembro de 2014

Só eu me ficarei. (e uma secura de peito, de boca, de vulva, de alma.)

Nove horas de amor incondicional. Aproximados cinquenta beijos extremamente sinceros. Uma noite sendo o interesse principal. Duas garrafas de cerveja durando uma vida. Duas esquinas de mãos tão sinceramente dadas.
Entrelaçamentos de corpos amáveis tão esquecíveis em dois dias ou pouco mais. Abismos que tem volta.
Todo mundo é ir-embora.

Sábado-domingo, 01h34min AM. A existência e suas incontáveis traições

Mundo ingrato, falso, baixo. Manipulador, egoísta. Que me faz sentir como se tivesse que tirar pilhas de cadáveres de uma estrada comprida. Eu que gritei ser tua filha. Ri do barulho dos rios seus.  Gostei de toda raiz, folha, fruto doce.
Eu que amei pisar em pedras e terra. E com qual força amei o mar, eu! Que nunca ousei conversar com estrelas por amor a você, pra que você não me sentisse distante. Eu que nunca invejei os pássaros ou os astronautas porque preferi ter raízes a asas. Eu que nadei nua em seus mares salgados. Eu, eu, eu, que te defendi dos seus filhos rebeldes! Eu que deitei sob o sol não pra sentir os raios; pra sentir o chão nas costas!
Vou negar seus ventos. Não vou sorrir pras tuas criaturas. E em nenhuma água vou parir.

Minha tristeza não é mensurável.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Relatório sobre o mar

O mar está grave. (Não como "ouvi um som grave", mas como "ontem aconteceu uma coisa grave.")
Escuto-o da minha cama numa madrugada insone. O mar grita. Os pensamentos pesam uma tonelada. O mar grita. Minha mandíbula dói e o mar, pelo menos, grita.
Hoje o mar não absorveu nenhum tristeza minha. Talvez porque tenha as suas próprias; a de ser horizonte.
O mar existe. Lá, antes do dia clarear. Sem sol ele ainda existe.
Mar sofre de amor pela Lua. Faz maré por ela.
Sozinho, grave, escuro, salgado. Gritando a noite.
Ando achando que o mar só existe mesmo a noite.


    (Sei seu segredo, mar. Descobri essa noite. Não vou contar, por amor. Não conto porque te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo.)
Branco. Pleno, nada. Existente, tanto quanto a força de vontade de uma pena. Duro como é água da chuva.

domingo, 9 de novembro de 2014

Se quiser, ouve. Ouve bem mas sem que eu precise falar.
Escuta sempre o que eu nunca digo.

domingo, 2 de novembro de 2014

Nessa vida extrauterina que nunca pedi à deus,
desde quando posso me lembrar
meu ser-sentir é uma ressaca, um vaivém oceânico;
antes um puxar forte, impiedoso,
aí o sopro, abandonar, expelir
abrasivo, ruidoso

sábado, 1 de novembro de 2014

Não posso com seus olhos dançantes.
Não posso.
Não sou nada perto deles que nem me miraram mas me destruíram.
Não posso com você, menina, que tem um sei-lá-o-que que arranca poesia de qualquer boca, qualquer mão, qualquer lápis, qualquer teclado, qualquer violão. E todos caem pelos seus olhos dançantes. Todos sucumbem e acabam fazendo arte pra você. Todos que te conhecem e não te conhecem.
E a mim resta apequenar-me, até quase não existir.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Eu não queria voar

Sou demais o céu pra deixar o chão.
Quem voa nunca enxerga o céu, enxerga aqui, terra dura. Só posso saber que o céu é bonito porque o vejo de baixo.
Porque só podemos olhar lugares nos quais não estamos. Porque onde estamos está ocupado pelo nosso estar.
Deixo o ser-céu pros passarinhos e pras fadas, e aceito, feliz, ver-céu. Mesmo que não voe nunca, que tenho pés firmes que andam devagar e olhos bem abertos pra olhar pra cima.
E o céu é bonito demais, é bonito demais.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Agora eu entendo. É você me observando. É sua necessidade de renascer.
Eu não vou sucumbir, natureza. Eu ainda não morri.
Era do tipo que está sempre pronto pra morrer, se é que isso é um tipo. Tinha testamento e um bilhete de esclarecimentos finais desde os sete anos, que foi quando descobriu a morte. A roupa com a qual queria ser enterrado ficava eternamente pendurada, bem passada, paciente. Listava coisas do seu dia que podiam ajudar na autopsia. Um dia esqueceu um prato sujo no criado-mudo
e morreu.

sábado, 18 de outubro de 2014

NÃO ME ACEITA

Hoje não vou ser calma, não. Essa semana não vou ser calma.
Não quero serenidade ou compreensão. Vou ser tempestuosa, ouviu. Vou te ligar de madrugada e gritar, vou ficar muito bêbada e te contar coisas que não podia sobre como me sinto.
Vai ter escândalo, sim. Vai ter copo quebrado na parede. Vou tentar te bater quando você me chamar de maluca e quero apanhar. Quero apanhar. Quero apanhar, ouviu?
Vou ralar o joelho no asfalto. ME ESCUTA, FALA COMIGO, ME OLHA, ME OLHA.
FALA COMIGO, QUEIRA. ME QUEIRA. NÃO ME DEIXA NÃO, NÃO DEIXA PRA LÁ, PERGUNTA, ME INSISTE. GRITA COMIGO, POR FAVOR, GRITA COMIGO, FAZ DRAMA, ME FAZ FAZER DRAMA E NÃO ME ACEITA. NÃO DEIXA PRA LÁ, me faz gozar.
Não quero paz, só hoje. Quero tempestade na alma e coisas que não prestam. Quero te recusar. Quero quebrar suas telas e ser tão sincera, tão sincera que dói.
quero que doa em todo mundo, carne viva. água do mar. pisar em calos, chicotes. jogar terra em cortes abertos. ver o sangue pingar, vermelho, vermelho. causar hematomas.
hematomas não, fraturas expostas. esfolar partes macias da sua carne branca e principalmente da minha
quero sentir tanto calor

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Maria Branca, tu não me machuca. Quem me machuca sou eu. Tu não tem culpa da minha necessidade da sua luz. Tampouco tem culpa de ter luz. Maria Branca, você é inconstante. Não apenas isso, você é quem causa a inconstância do mar, e de todas as coisas que são inconstantes.
Você nem sabe da tristeza que são os dias em que tu não aparece. Os dias que está nova, ou a cidade, chuvosa demais pra te deixar reluzir pra mim. Da mesma forma não sabe a felicidade que é ver seu sorriso branco, tão branco, crescente. Te ver nascer de novo. E quando aparece no meio de um dia de sol, mesmo sendo tão noturna.
Maria Branca! Você só faz o que quer, não é? Nessa tua eterna, rodopiante dança. Dança de quem é livre.
Maria Branca, Branca, que eu não posso nem pensar em chamar de minha. Você é minha vó, responsável pelo meu humor, meu sentir, meu querer, minhas águas, meus olhos, minha inspiração e pelo sangue do meu útero. Tu me acalenta, me acalma e sobretudo me nutre. Tu que conversa com o universo, e as vezes, por birra, pede que ele conspire ao meu desfavor.
Você é meu único amor. Até que os astros caiam do céu sou tua filha. E tu, minha regente.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

os mendigos não aguentam mais poesia

tem gente que é material pra poesia. mendigos são, coitados.
esses dias olhei pra cara de um e o rosto dele dizia "não moça, por favor, não quero poesia não, obrigada, só quero comida mesmo, mas obrigada."
coitadinhos. quem lhes incumbiu esse fardo, ein? sei bem como pesa. eu que sou mulher e não consigo mais receber homenagens às nossas curvas formas.
não ter casa não é tão poético.
mas ter um teto de estrelas é.
desculpe senhor mendigo, não posso evitar. sua sujeira me sensibiliza. sua cama de papelão tão bem arrumada. seu cachorrinho amarelo. desculpe, desculpe, não tenho dinheiro, desculpe.

sábado, 20 de setembro de 2014

plantas e menina descartáveis

Penso que sou igual as sementes que germinei e morreram no dia seguinte. Minha dificuldade de cultivar flores é minha dificuldade de cultivar apreço, no solo-peito das pessoas.
Talvez seja a natureza me avisando; "é assim que te vêem, é assim que te vêem, é assim que..."




ou talvez eu venha com a etiqueta; "use 3 vezes e descarte."

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Indo

Tem gente que me decola. Tem gente que decola sozinha e eu nem vejo. Tem uns que decolam de mim.
Você é tão fugidio que nem sei se já pousou. Mas tudo bem porque vejo beleza no seu ar.
Tu-aéreo, tu-ventania. Vai ventar em outro lugar. Vai, se faça pena branca em furacão. Vai polinizar tuas mil outras flores. E não deixa nada aqui, por favor. Nem tua saudade quero, e também não leva a minha que é pra não pesar.
Dizem que árvore sem raiz não fica de pé. Mas você não é árvore, passarinho, é astronauta (cosmonauta?).
Nunca deixe que ninguém te crie raízes.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Entrava sempre pela porta como uma fumaça preta. Nos bolsos do sobretudo escuro trazia imponência, puríssima, pesada. Nos ombros, o peso de galáxias e a capacidade de jogá-lo em qualquer um, a qualquer momento, por qualquer descuido. Da língua rolavam palavras em forma de agulha, rasgando o ar como uma faca de chumbo rasgaria carne.
NÃO somos extraordinários.

domingo, 14 de setembro de 2014

Ter, no corpo, janelas
pra me deixar fugir
e arejar

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Hoje é meu último dia de vida.

Engraçado. Tenho 24 horas restantes de vida mas sinto a sensação de começo, não de fim. Sinto todas as horas que ainda estão por vir, mas não todos os anos que vão findar essa noite.
Hoje, pela primeira vez, estou presente. A iminência de não-mais-ser me fez aprender a ser inteiro, ser aqui, e ser agora. Minha vida inteira foi um ensaio para hoje.
Hoje fiquei sábio. Nesse próprio dia do fim da minha vida descobri como a vida é.
Hoje olhei pro céu e vi que cor ele realmente tem. A escuridão que meus olhos sabem que vão enxergar logo, me fez aprender a enxergar agora.
Sei que não sei de nada e que nunca soube, mas hoje aprendi que nunca vou saber.
Hoje aqui, amanhã não sei. Não sei. Não sei. Não sei. Não sei. Não sei.
Morri.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

"DERAM A BOIA E PRONTO. NÃO ENSINARAM A NADAR."

POR QUE NASCI NESSE CORPO QUE PARECE NÃO ME COMPORTAR OU EU PAREÇO NÃO PREENCHE-LO? POR QUE TODOS PARECEM TER SE CONFORMADO COM ESSE MISTÉRIO INCONFORMÁVEL QUE É EXISTIR?






existir

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Ceci aprendeu saudade

Cecília, pequena, andando engraçado por causa das fraldas. Cecília, que tem dobrinhas de bebê e derrama sempre a comida do prato de ursinhos.
Ceci está aumentando seu vocabulário. Semana passada, aprendeu "agenda". Usava em todas as frases, transformava em verbos irregulares, em vontades, em nome da mãe.
Hoje aprendeu saudade. Tem saudade do gato, saudade da vizinha, saudade amarela, azul, vermelha.
Saudade é assim mesmo, Ceci, vem do nada, arrebata. Mas seu sofrimento só dura mais hoje, que amanhã, a palavra já é outra.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

4:50 da manhã. chegávamos na sua casa de solteiro. você acendeu um incenso ruim e me contou umas mentiras, prometeu umas coisas, se gabou das suas posições de yoga. você, que disse que não fumava mas esqueceu um cinzeiro em cima do rádio. você, que achou que precisava demonstrar que valia alguma coisa pra me manter ali até o sol aparecer, mas o sol não apareceu e quem raiou o dia foi a chuva. você que disse "te ligo mais tarde".
você que sempre soube que eu sempre soube que você não vale nada de fato, mas definiu sozinho um jogo no qual fingíamos. você fingia não ser um malandro e eu fingia acreditar. você fingia ser do tipo que me rouba uma flor e eu fingia ser do tipo que precisa disso pra ser conquistada.
o incenso realmente era péssimo e eu sei que você não acorda cedo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Hoje pensei no seu rosto. Com duas bolas imensas, claras de fogo, amarelas, queimando, queimando.

Hoje eu seria capaz de não me esquivar. Eu sei que a lua já estava cheia aquele dia, mas vai ver ela não estava cheia em mim.
Eu entendo o seu sotaque mas não fui capaz de te entender os olhos. As pontas dos dedos que me percorriam. A gratidão tão insuportavelmente doce.
Te recebi com o corpo tão aberto mas mesmo assim fui uma fortaleza impenetrável, com cacos nos meus muros. Com o sexo tão úmido e o peito, árido.
Desculpa.

sábado, 9 de agosto de 2014

Quando se está ouvindo uma música com som alto e alguma coisa
de repente
faz a música parar sem terminar e tudo fica
silêncio

é teu silêncio que ecoa 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Te procuro onde tiver música

Qualquer cantinho, violão, pandeiro. Em qualquer motivo musical, qualquer festa, bar, qualquer rodinha de choro.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Escrever eu não escrevo, não. Não sou eu. Na verdade quem fala é a vida, berrando no meu ouvido: "você pode anotar isso pra mim?" aí meus dedos correm buscar caneta.
Mas tem vezes que ela passa longos períodos quietinha, autossuficiente.
"Tipo agora", ela me pediu pra avisar.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

re-conhecer

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Primeiras horas da manhã. Listras vermelhas dividiam o céu em gigantes partes fractadas. Raios se atiravam sobre as coisas, casas, árvores, despertando tudo, colorindo tudo, com a minúcia de refletores de palco. Nuvens começavam a borbulhar. No meio disso tudo, uma estrelinha resistia ainda, desavisada, não sabendo que seu número acabara. Amanheceu, amanheceu Vênus.
Bem que Alberto Caeiro me avisou de você, sua independente.

domingo, 13 de julho de 2014

Guardei num pote um tanto de água do mar. Poseidon veio reaver sua posse, fazendo brava a água.
Mas quando me olhou, soube; ela não pode ficar muito tempo sem mar. Leva, leva.


O que eu amo no litoral

o cheiro
a espuma do mar
formas de vida que você nunca tinha visto
como o mar destrói construções
o vento salgado
corujas
a sensação de finalmente conseguir acender o baseado
quando o mar bate nas pedras
como todo mundo é mais feliz
como o mar fica brilhante quando os astros refletem
o gosto que fica na boca depois de sair da água
os cachorros são mais felizes
toquinhas de siri
conchas, caramujos e bolachas do mar
areia entre os dedos dos pés
o ar sempre é úmido
a vontade de fazer parte do mar

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Esperando o dia que você não vai me deixar com um grande
lustroso, expansivo, espaçoso, berrante, acontecente, brilhante, efusivo, promíscuo, fechado, texturizado
NÃAAAAAAO!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

ATENÇÃO, SOL

A PA RE ÇA!!
esquenta o cheiro da poças de água. esquenta meu sangue corrente que o movimento não é capaz de esquentar. aquece, aquece-me, me aqueça as possibilidades, põe luz na minha pele e dentro da minha cabeça.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

.

(antes de tudo, adendo:
pelo menos a frequência de inspiração voltou. nenhuma beleza será desperdiçada, nem a tristeza.)

.

Enquanto um facho de luz artificial passou pelo seu rosto reparei como a noite estava escura. Da cor dos seus olhinhos: sem lua e sem estrelas. No momento em que eu pensava em como eu queria estar longe dali pra ver o céu, você disse que preferia os faróis dos carros às estrelas e respirou fundo (acho que pra guardar um pouco de fumaça no seu interior.)
Admito, qualquer luz tem beleza.

terça-feira, 17 de junho de 2014

(tudo é vir-a-ser)

E na virada da lua, virou,
virei,
virá.

domingo, 1 de junho de 2014

"Tem! Que! Haver! Uma! Porta! De! Saííííí-ííííí-íííí-í-í-ída!"

terça-feira, 20 de maio de 2014

Desculpas ao meu sexo

Falhei mais uma vez com você, Cosmos. Acho que não honrei o corpo do qual fui encabida.
Desculpa corpo. Por não aguentar suas dores de mulher. Por não saber fazer do meu ventre útero do mundo. Por não querer, nunca, acolher uma alma além da minha dentro de mim, e por não deixar um novo corpo formar-se dentro do meu próprio.
Ingeri, inalei e traguei tantas coisas que poluíram minha carne, que anos não me purificariam. E quantas vezes fui hedonista!
Desculpa vagina. Por te dar prazer apenas carnal, e nunca pensar na sua universalidade cosmonauta. Por dizer palavras que te denegriram. Por não aceitar seu sangue visceral, limpo. Por não ser mulher a ponto de te merecer.
Até agora.

Gostava quando eu não era construída

Quando eu era nova queria crescer. Hoje que quase-cresci sei que crescer é construir castelos.
Crescer mais é destruí-los.
Porque assim uma coisa maior pode entrar no lugar; um nada!
!                                                                                              !
Um horizonte grande, descampado e todo cheio de possibilidades de ser.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Vômitos poéticos

Não aguentava suas tempestades de palavras. Você que fazia para me diminuir, declamava, declamava, declamava... Porque sabia que eu não tenho jeito com frases.
Passamos pelas 4 estações juntos mas o curioso é que eu só te lembro no inverno. Gelado igual as sílabas que você jogava em mim, goela afora, poeticamente, poética mente.
Você nunca me enganou não, saiba! Com tua inclinação pra tudo que é poesia falada. Você não me ganhou nisso não. Não sei que tipo de dispositivo tinha na sua mente que você apertava e desencadeava na sua boca, língua, e enfim meus ouvidos ou dedos-teclado-meus olhos, mas nunca me enganou. Eu sei que você não fazia poesia, vomitava.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Quando acendi

E foi você, feito de brilho ancestral. Pus minha boca pra dançar com a sua, deixei suas ondas golpearem minha língua, aceitei a visceralidade. Dois oceanos em tempestade carnal. Te deixei entrar.

terça-feira, 18 de março de 2014

Arrumava a casa como se arrumasse junto a cabeça. Varria chãos mentais.

domingo, 16 de março de 2014

Embora adie minha renovação, quando se faz necessário sei fazer isso do dia pra noite.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Não sei cultivar

Semana passada plantei uma semente. Brotou, cuidei, poetizei em cima. Regava todo dia e colocava no sol, conversava, até escolhia minhas músicas com cuidado pra não atrapalhar o broto.
Um dia cheguei em casa e ela estava caidinha marrom e seca e morta. Você que tire o significado que quiser disso.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Jesus morreu nu

Estar nu não é indecência. O tabu surgiu nos grandes descobrimentos, quando usaram as roupas para separar os "civilizados" dos "selvagens".
Não é pecado, Jesus esteve nu em muitos momentos importantes da sua história.
Estar nu de corpo não é estar nu de alma. Venho tentando estar nu desde que nasci (foi a última vez que estive).
poesia, você que me desculpe

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

eu tô andando desde que eu nasci
dejavu deliberado
isso mesmo, virei uma criadora de só títulos!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ME SALVEM

DO BRANCO LITERÁRIO-CRIATIVO!!!