ou você pinga ou você volta. não adianta ficar. ficando você sempre será um potencial, uma coisa que pode ser mas não é.
é confortável olhar o mundo de fora e ainda pertencer a fonte; mas não é real.
te aconselho que pingue. (pinga em mim e me encharca, com essa tua pequeneza de gota.)
a terra é seca mas ainda existem lagos. rios. mares. oceanos.
se faça correnteza e me arrasta, me arrasta molhado. me arraste, gota. pingue. me pingue. goteja em mim.
pequena que você é, componha uma coisa. faça parte. chova. poça. (possa)
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
esvaziando às/as quartas
vi uma borboleta sendo sugada pelo carburador de um carro. e quis falar sobre como me sinto hoje.
seu fim não me causou nenhum ímpeto. eu bem que quis. me desculpa. me desculpa borboleta amarela.
assisti uma morte gritante mas o que me moveu foram algumas garrafas de cerveja. e o movimento foi pra onde sempre vai: dentro de mim.
sua morte amarela. a fumaça da qual seus restos agora fazem parte. a fragilidade da vida.
e contra isso
eu.
eu flutuante, eu que pergunta. eu que me escolhe.
mas que me perdoa.
seu fim não me causou nenhum ímpeto. eu bem que quis. me desculpa. me desculpa borboleta amarela.
assisti uma morte gritante mas o que me moveu foram algumas garrafas de cerveja. e o movimento foi pra onde sempre vai: dentro de mim.
sua morte amarela. a fumaça da qual seus restos agora fazem parte. a fragilidade da vida.
e contra isso
eu.
eu flutuante, eu que pergunta. eu que me escolhe.
mas que me perdoa.
sábado, 21 de fevereiro de 2015
"apesar de tudo, oh, apesar de tudo"
anoiteço
e apesar de anoitecer considero estrelas.
e apesar das leituras incorretas dos meus olhos
ainda lanço olhares
(e apesar de nada, e em nome de ninguém.)
e ainda vivo com gosto, com fogo, com líquido.
e ainda gosto de viver (ou já gosto de viver?)
e apesar de anoitecer considero estrelas.
e apesar das leituras incorretas dos meus olhos
ainda lanço olhares
(e apesar de nada, e em nome de ninguém.)
e ainda vivo com gosto, com fogo, com líquido.
e ainda gosto de viver (ou já gosto de viver?)
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
me perdi nas asas furta-cor dos insetos ou nas folhas e sujeira que o vento roda. nas quedas borbulhantes de água. no quadril de alguém. no sono.
me perdi na espuma do mar. me perdi ralando o joelho. no cheiro que tem tronco de árvore. me perdi em cerveja. na dor dilacerante de levar pontos na mão. nas coisas que se esquecem. perdi-me cortando cebolas.
sou perdida de mim como são as borboletas que voam desavisadas em direção ao mar. e não tenho gatilhos, exceto mim mesma. e não tenho freios, exceto as leis do mundo.
mas minha alma é potável.
me perdi na espuma do mar. me perdi ralando o joelho. no cheiro que tem tronco de árvore. me perdi em cerveja. na dor dilacerante de levar pontos na mão. nas coisas que se esquecem. perdi-me cortando cebolas.
sou perdida de mim como são as borboletas que voam desavisadas em direção ao mar. e não tenho gatilhos, exceto mim mesma. e não tenho freios, exceto as leis do mundo.
mas minha alma é potável.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
te amo e odeio, castelo de cartas
amo o trabalho que teve construindo(-nos) e amo até o vento que vem forte contra a estrutura.
odeio o estado letárgico do seu coração, que não pulsa, não chove, não trovoa, não faz tempestade.
amo e odeio essa fragilidade e odeio o enjoo que ela provoca (ou amo?)
e amo tanto quanto odeio o turbilhão que me faço
(não colocarei ponto final. isso não tem fim e nem eu)
odeio o estado letárgico do seu coração, que não pulsa, não chove, não trovoa, não faz tempestade.
amo e odeio essa fragilidade e odeio o enjoo que ela provoca (ou amo?)
e amo tanto quanto odeio o turbilhão que me faço
(não colocarei ponto final. isso não tem fim e nem eu)
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
do navio retirante olhando a terra
(às delicadas veias florais, fontes que já foram).
para estraçalhar novelos de lã, espero que eu não me faça entender
e quando sua existência reflete em um lugar diferente (mas onde, onde, onde?)
e quando as delicadas veias florais vão virando rios e se perdem, ou estradas que de tão longas levam embora, ou uma coisa na qual aprofunda-se tanto que se perde a coisa.
mas refletir o que meu deus (ou ser qualquer que responda)?
que eu fique muda. muda, bem, bem muda. bem quieta, mesmo, muda.
ser engolida e sobretudo engolir
e voltar pra fonte d'onde aguavam-me ou brotavam-me veias, e elas corriam pequenas, finas, até crescerem um pouco, e um pouco mais, e virarem rios bonitos, aos quais não perdia de vista.
hoje são quase oceanos, com correntes frias e ressacas. arrebatam com força por pouco suportável.
que nada me pode
para estraçalhar novelos de lã, espero que eu não me faça entender
e quando sua existência reflete em um lugar diferente (mas onde, onde, onde?)
e quando as delicadas veias florais vão virando rios e se perdem, ou estradas que de tão longas levam embora, ou uma coisa na qual aprofunda-se tanto que se perde a coisa.
mas refletir o que meu deus (ou ser qualquer que responda)?
que eu fique muda. muda, bem, bem muda. bem quieta, mesmo, muda.
ser engolida e sobretudo engolir
e voltar pra fonte d'onde aguavam-me ou brotavam-me veias, e elas corriam pequenas, finas, até crescerem um pouco, e um pouco mais, e virarem rios bonitos, aos quais não perdia de vista.
hoje são quase oceanos, com correntes frias e ressacas. arrebatam com força por pouco suportável.
que nada me pode
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